quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Texto de apoio: REPRESENTAÇÕES DA LUTA E DA RESISTÊNCIA NEGRA NO QUILOMBO MANOEL CONGO NA LITERATURA DE CORDEL

http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa/g_pdf/vol21/TRvol21h.pdf


REPRESENTAÇÕES DA LUTA E DA RESISTÊNCIA NEGRA NO QUILOMBO MANOEL CONGO NA LITERATURA DE CORDEL 

Patrícia Cristina de Aragão Araújo (UEPB) 
patriciacaa@yahoo.com 


RESUMO: A partir do texto poético de cordel, este artigo discute sobre a trajetória de luta e resistência de Manoel Congo, no Quilombo homônimo. Objetivamos refletir sobre quais as representações que tal acontecimento, importante na história dos quilombos no Brasil, adquire no texto de cordel e de que maneira essas representações podem ajudar na compreensão das questões relativas à forma como negros/as empreenderam suas lutas individuais e coletivas pela liberdade e em prol de seus direitos sociais. 
PALAVRAS-CHAVE: literatura de cordel; quilombo; representação; resistência.

UM POUCO DE HISTÓRIA: O Quilombo de Manoel Congo

UM POUCO DE HISTÓRIA: O Quilombo de Manoel Congo


Boletim Territórios Negros (v.4, n.16. 2004)
 
25/06/2013
Durante todo o período de vigência do regime escravista o município de Vassouras, localizado no Vale do Paraíba, no Estado do Rio de Janeiro, foi um dos maiores mercados de escravos da região. O grande número de escravos fazia com que os conflitos contra os senhores se desse sem tréguas. Na luta contra a escravidão, o quilombo de Manoel Congo, formado em 1838 em Paty do Alferes, antiga sede da vila, merece destaque.
Em 13 de novembro de 1838, na Fazenda Freguesia, de propriedade do capitão-mor Manoel Francisco Xavier, morria o africano Camilo Sapateiro, assassinado a pauladas. Outros escravos da fazenda previam que levariam a culpa do assassinato como forma dos senhores fugirem da responsabilidade moral, em um momento em que inúmeros enforcamentos estavam ocorrendo. Dessa forma, cerca de trezentos escravos, comandados pelo escravo Manoel Congo arrombaram as portas da Fazenda Maravilha, de propriedade do capitão-mor, roubaram mantimentos e vários outros objetos e depredaram a sede, revoltados contra o tronco, o trabalho forçado, a fom e e a miséria. Daí partiram para a Fazenda Santa Catarina, onde tentaram matar o capataz, que conseguiu fugir, e fugiram para uma densa mata para organizarem um quilombo.
Dias depois, os negros desceram da serra de Santa Catarina, incendiaram toda a Fazenda Maravilha e realizaram uma festa ao som de batuque, antes de voltarem para as matas. Revoltado, Manoel Francisco Xavier reuniu outros fazendeiros, também prejudicados com a fuga de escravos para o quilombo de Manoel Congo, e pediram ao governo a presença do exército. Sem conseguir o apoio pedido, os fazendeiros formaram uma expedição para destruir a organização dos escravos revoltados. No caminho pela mata esse exército de fazendeiros percebeu a existência de inúmeros ranchos, o que revelava que o quilombo era mais antigo do que se imaginava. Foram encontrados também dois acampamentos escravos nas trilhas por onde a expedição de fazendeiros caminhou por oito horas até encontrar os negros aquilombados. Depois de um intenso enfrentamento com armas de fogo, os homens de Manoel Congo venceram e fugiram dali.
Em 11 de dezembro de 1838 aconteceu o último e fatal ataque ao quilombo Manoel Congo, considerado o maior quilombo do Estado do Rio de Janeiro, segundo alguns pesquisadores. Manoel Congo e seus líderes foram presos e mantidos vivos para serem açoitados publicamente e enforcados legalmente. Manoel Congo respondeu a dois processos por crime de insurreição e homicídio e foi condenado à pena de morte em 06 de setembro de 1839; os outros líderes do movimento foram condenados a seiscentos e cinqüenta açoites cada um, dados a cinqüenta por dia , e a andarem três anos com gancho de ferro.

Para saber mais:
“O efêmero quilombo do Pati do Alferes, em 1838” de autoria de José Antonio S. Souza. Revista do IHGB, volume 295 abril/junho 1972. http://www.ipahb.com.br/manoelcongo.php http://www.patydoalferes.rj.gov.br/historia/congo.htm imagem de Manoel Congo retirada do site http://www.ipahb.com.br/manoelcongo.php 

Texto de apoio - Artigo "A literatura de Cordel e o ensino de história"

http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/123456789/3100

Título: A literatura de cordel e o ensino de História
Autor(es): Oliveira, João Batista Neves de
Palavras-chave: Cordel
Literatura Popular
Metodologia de Ensino
Ensino de História
Data do documento: 17-Mar-2014
Resumo: Este artigo é resultado da nossa vivência em sala de aula cuja preocupação central é compreender a dimensão educativa dos folhetos de cordel no cotidiano e na cultura popular. O cordel é tomado como um conteúdo de aprendizagem, revelando-se um importante recurso didático-pedagógico a ser utilizado na sala de aula, nas disciplinas escolares, particularmente na disciplina de História. A hipótese norteadora do estudo é que o conteúdo que permeia os cordéis permite a construção de concepções sobre o Nordeste, o diálogo de saberes e de percepções acerca do seu cotidiano e de sua cultura. Partimos do pressuposto de que o poeta de cordel é um educador, cuja prática pedagógica se expressa através dos cordéis, que são construídos a partir das experiências culturais e cotidianas, da concepção de ser humano e da realidade social que ele representa e elabora nos folhetos. Os resultados permitiram concluir que o cordel é uma forma de produção de conhecimento, cuja proposta pedagógica vem do cotidiano, enriquecendo o processo educativo, possibilitando a interação de múltiplos saberes e apresenta temas importantes que devem ser inseridos no conteúdo programático das disciplinas trabalhadas com os educandos em sala de aula e com a comunidade nas ruas e vivências cotidianas.
Descrição: Oliveira, J. B. N. de. A literatura de cordel e o ensino de História. 2012. 23f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2012.
URI: http://dspace.bc.uepb.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/3100
Aparece nas coleções:29 - TCC

Quilombo de Manoel Congo

Quilombo de Manoel Congo

O Quilombo de Manoel Congo foi mais um dos episódios da luta dos africanos contra a escravidão que se notabilizaram pela preocupação suscitada nos escravistas.

Quilombo de Manoel Congo 
Aquarela Açoitamento de escravos na Ponta do Calabouço, de Augustus Earle (1793-1838), retratando as punições aos escravos no Brasil

Durante a década de 1830, a economia cafeeira começou a despontar no Brasil Império, principalmente na região fluminense do Vale do rio Paraíba. A afluência de escravos para as fazendas da região aumentou, sendo ainda intensificada a exploração do trabalho. No contexto de início da produção cafeeira, estourou mais uma revolta de escravos, que se consubstanciou na tentativa de formação do que ficou conhecido como Quilombo de Manoel Congo.
É indicado como uma tentativa em decorrência da efemeridade do Quilombo de Manoel Congo, situado no município de Vassouras no Rio de Janeiro. Porém, o medo suscitado nos latifundiários da região manteve viva a memória dessa luta dos escravos, conhecida também como Revolta de Paty dos Alferes.
A revolta ocorreu em novembro de 1838 entre os escravos do capitão-mor Manuel Francisco Xavier, que detinha algumas fazendas na região. O motivo do levante contra o fazendeiro teria tido origem após a morte do escravo Camilo Sapateiro pelo capataz de uma de suas fazendas. Indignados com o assassinato do companheiro de cativeiro, os escravos liderados pelo também escravo e ferreiro Manoel Congo resolveram protestar junto ao latifundiário, que prometeu tomar providências. Porém, essas providências nunca foram colocadas em prática.
O não cumprimento da promessa deixou ainda mais indignados os escravos. O assassinato de Camilo era um excesso brutal dos hábitos disciplinares de trabalho na fazenda. Como o senhor não tomou providências, os escravos mataram o capataz. Após essa ação, os escravos fugiram. A fuga em massa de cerca de 200 escravos ocorreu em duas fazendas do capitão-mor, entre os dias 06 e 10 de novembro de 1838.
Nas matas da região, liderados por Manoel Congo, os escravos iniciaram a constituição de um quilombo. Com as ferramentas e armas saqueadas das fazendas de Manuel Francisco Xavier, os escravos africanos e nascidos no Brasil pretendiam iniciar as lavouras para sua subsistência e garantir sua defesa.
O cordelista Medeiros Braga, em trecho de seu cordel O Quilombo Manoel Congo, a saga de um guerreiro, representou da seguinte forma a ação:
Manoel Congo com cuidado
Muitos escravos juntou,
Recolhidas várias armas
Mantimento e cobertor,
Passaram, seguindo a trilha,
Na Fazenda Maravilha
E já outros libertou.
Entretanto, a experiência não duraria muito tempo. Preocupados com essa ação em massa dos escravos, as autoridades da região resolveram pedir o apoio da Guarda Nacional para caçar os fugitivos. As forças militares foram lideradas por Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, que em 11 de novembro conseguiu capturar a maioria dos escravos, sendo que alguns foram mortos.
Eles foram julgados pela fuga de 16 escravos. Quase todos foram condenados a 650 chibatadas, sendo aplicadas 50 por dia, para que não morressem durante o castigo. Tal situação poderia causar um prejuízo ainda maior ao proprietário dos escravos. Esses escravos foram ainda obrigados a utilizar um gonzo de ferro no pescoço por três anos.
Porém, era necessária ainda uma punição exemplar para inibir novas fugas em massa. Indicado como liderança da rebelião, Manoel Congo foi condenado à forca, em 1839. A sentença foi cumprida no Largo da Forca, sendo que Manoel Congo não teria direito a enterro. Receosos de novas fugas, os latifundiários da região criaram ainda uma cartilha para orientar os fazendeiros e evitar que episódios como o ocorrido na freguesia de Paty dos Alferes se repetissem. O Quilombo de Manoel Congo era a evidência de que os escravos continuariam sua luta contra a escravidão.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/quilombo-manoel-congo.htm.

Texto: Revolta de Manoel Congo em Paty dos Alferes

Revolta de Manoel Congo em Paty dos Alferes

Ocorrida durante o surgimento da cafeicultura no Vale do Paraíba, a Revolta de Manoel Congo resultou em fugas em massa de escravos e na efêmera constituição de um quilombo.
Capa do livro O Quilombo de Manoel Congo, publicado em 1935.
Capa do livro O Quilombo de Manoel Congo, publicado em 1935.
E Camilo sapateiro,
O escravo apaixonado
Quando ia pra fazenda
Visitar seu amor dado
Pelo cruel capataz
Foi brutal assassinado.
Sentiu, então, Manoel Congo
Muita gota a se somar
Sendo essa a gota d’água
Que chegou a transbordar
O delito rude, insano,
Levou o escravo africano
Com isso, a se rebelar.
O trecho acima é do cordel Quilombo Manoel Congo, a saga de um guerreiro, de Medeiros Braga. Nele é possível perceber os motivos que levaram os escravos das fazendas do capitão-mor Francisco Manuel Xavier, na freguesia de Paty dos Alferes, município de Vassouras, província do Rio de Janeiro, a realizarem a ação conhecida como Revolta de Manoel Congo, ocorrida em 1838. Os castigos e maus-tratos, além da morte de alguns escravos, pareciam ser uma constante nas fazendas do capitão-mor. O assassinato do escravo Camilo Sapateiro foi o estopim para a eclosão da revolta.
A região de Paty dos Alferes estava em ascensão econômica com o crescimento da cafeicultura no Vale do Paraíba Fluminense. Milhares de escravos afluíam às fazendas da região para trabalhar na lavoura do produto de exportação que garantiria a sustentação econômica do Império brasileiro.
Manoel Congo era um desses escravos. Seu nome provavelmente indicava a região do continente africano da qual era proveniente. A função de ferreiro exercida na fazenda do capitão-mor mostrava que tinha uma qualificação maior de trabalho, o que provavelmente garantia a ele condições menos piores de trabalho. Na mesma situação poderia estar Camilo Sapateiro.
A morte desse último levou os escravos a procurarem seu senhor para que tomasse providências contra o capataz. O capitão-mor Francisco Manuel Xavier afirmou positivamente que atenderia a reivindicação dos escravos. Mas não cumpriu com sua palavra. Diante da situação, os escravos resolveram matar o capataz e entre  os  dias  06  e  10  de  novembro  empreenderam  uma série  de fugas das fazendas de Francisco Manuel Xavier.

Após a morte do capataz, cerca de duzentos escravos fugiram das fazendas do capitão-mor e refugiaram-se na floresta de Santa Catarina, região próxima às fazendas. Na fuga, os escravos saquearam as instalações da propriedade, levando instrumentos e ferramentas de trabalho, além de algumas armas.
Esses utensílios serviram para iniciar a constituição de um quilombo, que ficou conhecido como Quilombo Manoel Congo. Vários escravos das fazendas da região fugiram para o local. Mas a experiência durou poucos dias. Em 11 de novembro, uma força militar da Guarda Nacional foi chamada à região para cumprir uma de suas funções: a de capitão do mato. O líder da Guarda Nacional era Luís Alves de Lima e Silva, o futuro duque de Caxias, que seria mais tarde patrono do exército, títulos conseguidos muito em decorrência da repressão a diversas rebeliões populares que ocorreram durante o Império.
Os escravos não conseguiram resistir por muito tempo. Alguns foram mortos pelas tropas, outros tantos foram recapturados e devolvidos a seus donos. Cerca de 16 escravos foram levados a julgamento pela participação na Revolta de Manoel Congo. Foram sentenciados a 650 chibatadas, distribuídas ao longo dos dias para evitar a morte. Além disso, foram obrigados a utilizar gonzos de ferro nos pescoços durante três anos.
A mesma sentença não foi aplicada a Manoel Congo. Era necessário punir exemplarmente o líder da revolta para evitar que novas fugas em massa de escravos ocorressem, colocando em risco a ordem escravocrata. Manoel Congo foi condenado à morte por enforcamento, sem direito a ter seu corpo enterrado, fato ocorrido em 1839.
A Revolta de Manoel Congo e sua repressão inseriram-se em um contexto de forte instabilidade política do Império. Durante o Período Regencial, várias rebeliões e revoltas eclodiram em território nacional, colocando em perigo sua unidade. Além da Revolta de Manoel Congo, a Balaiada e a Cabanagem, no norte do Império, também tiveram um caráter popular e, por isso, foram duramente reprimidas pelas forças militares controladas pela elite latifundiária.

Vídeo aula - https://www.youtube.com/watch?v=3Mcs6Ueji5o

https://www.youtube.com/watch?v=3Mcs6Ueji5o

Durante a escravidão no Brasil, muitas vezes os escravos negros não suportaram calados os maus tratos e as condições horríveis a que eram submetidos. Nesta aula ...
www.youtube.com

Vídeo aula - https://www.youtube.com/watch?v=4KB40-6yIko

https://www.youtube.com/watch?v=4KB40-6yIko


Texto de apoio: REPRESENTAÇÕES DA LUTA E DA RESISTÊNCIA NEGRA NO QUILOMBO MANOEL CONGO NA LITERATURA DE CORDEL

http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa/g_pdf/vol21/TRvol21h.pdf REPRESENTAÇÕES DA LUTA E DA RESISTÊNCIA NEGRA NO QUILOMBO MANOEL CONGO ...